Carta para Elise

"Ah, Elise... Não importa o que diga. Não posso continuar, na lembrança dos ontens, à espera do amanhã. Não dá mais. Não vamos mudar. Não consigo mais fingir. Forçar sorrisos. Esquecer. E fazer de conta de que nunca precisaremos de nada mais do que isso. Porque eu preciso.

E, Elise, não importa o que faça. Nunca significarei nada para você. Não farei seus olhos pegarem fogo, do jeito que deveriam, ao olhar para mim. Gostaria que o azul de seus olhos me invadisse e me afogasse. Ah, se isso acontecesse... Eu, pelo menos, não mais pensaria, que o que eu sinto já não é mais o que eu sentia, e que eu e você não estamos em mundos diferentes.

Olhar para você me machuca e quebra meu coração. E todas as preces que suas mãos possam fazer, de nada servirão, pois eu farei de tudo ser em vão. Você olhará desesperada para o céu e levantará as mãos. Eu vou encará-la, de olhos bem abertos, e você olhará de volta, do jeito que eu queria que olhasse. Ontem. Mas eu já não posso mais segurar minhas lágrimas. Como você consegue?

Elise, acredite, isto eu nunca quis. Pensei que, dessa vez, manteria minhas promessas. Acreditei que fosse a garota com que sempre sonhei. Mas aquele sonho já se foi. E as promessas se quebraram. Não podemos mais fazer de conta.

Pois todas as vezes em que tento, sinto-me levantando areia com as mãos. Mas nosso tempo está acabando. Então eu o faço novamente, e o faço o mais rápido que posso, sentindo os grãos se esvaírem entre minhas mãos.

Não há nada que eu possa fazer, Elise."