Escritor da Depressão

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    The Lady Room

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    ravennakimov


    Mensagens : 3
    Data de inscrição : 17/12/2014

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    Mensagem por ravennakimov Qua Dez 17, 2014 3:10 pm

    Em uma rodoviária comum um casal após pagar sua passagem fica esperando o ônibus sair, a mulher então resolve ir ao banheiro feminino e seu companheiro fica esperando ela do lado de fora. Depois de um curto espaço de tempo um outro homem com uma garotinha fica parado do lado de fora do banheiro e a garotinha entra. Com a demora de ambas os homens começam a conversar sobre assuntos triviais. Dentro do banheiro cada uma foi em uma cabine diferente em tempos diferente, após retocar a maquiagem a mulher foi até o final do corredor do banheiro mal iluminado onde havia um espelho.

    A mulher observava sua roupa quando percebeu que a imagem do espelho estava disforme como se não fosse real. Fascinada por aquele espelho que projetava uma imagem irreal ela o tocou para saber o motivo de tal anomalia. No mesmo instante que a mulher tocou o espelho com o indicador ela sentiu a superfície do espelho se mover como uma gelatina. A mulher achou graça daquilo e tirou a mão do espelho, no entanto o espelho estava como que grudado ao seu dedo e mesmo ela puxando ele se esticava como um chiclete mascado por uma adolescente. Começando a não se sentir agradável com a situação a mulher tentou usar a outra mão inutilmente para se desvencilhar do espelho e essa também agora grudara no espelho. A situação de desagradável começava a beirar o desespero e um grito mudo subia pela garganta da mulher com seus dois braços tomados. Seu tronco foi completamente tomado enquanto ela tentava se livrar daquele mistura homogênea de espelho líquido, suas mãos agarravam aquilo em seu peito e puxavam com toda a força enquanto seu rosto se torcia em uma careta horrenda. A mulher se debatia e repuxava enquanto sua pele lhe rasgava de dor por estar grudada ao espelho e o espelho líquido ia se entranhando em sua derme, epiderme, até a parte mais profunda de sua complexão fisiológica, descuidadamente a mulher acabou deixando sua perna ser pega pelo espelho e o espelho já havia tomado todo seu corpo.

    Aquela mistura de líquido e espelho subia lentamente por seu pescoço e sua nuca, a mulher tentava com todas as forças ir contra o espelho. Sua boca aberta pela força que era feita, seu olhos com lagrimas misturadas ao espelho descendo reluzentes pelo seu rosto. No seu grito mudo cortante ela não demonstrava mais medo ou agonia, mas sim aceitação e o liquido subia seu queixo em sentido a sua boca enquanto outra parte caia de seu nariz pingando enquanto formava pequenas linhas de ligação. Se alguém a visse naquele momento lembraria de uma cabeira de metal com seus dentes aberto. O líquido entrou em sua boca, mas a mulher nada sentiu, na realidade sentiu sim, uma paz profunda. Sentiu se libertar do seu corpo, de ser transportada como em teleporte para outro lugar, em completa escuridão ela pensou se aquilo poderia ser a vida após a morte. Se fosse com certeza era bem sem graça em relação a tua que ela imaginara, e nesse momento uma luz fraca começou a brilhar até inundar a escuridão.

    A menininha terminara de usar o sanitário e travava uma luta em ares medievais para fechar os botões de sua calça jeans sem zíper, sua tia achara muito bonito e estilo os botões. A menininha só pensava quão idiota poderia ser perder tanto tempo fechando uma calça se perdia o triplo para a abrir, em uma hora de aperto faria nas calças tinha certeza. Subiu na ponta dos pés para evitar encostas na tampa do vaso sanitário público como a mãe a ensinara e saiu em direção a pia para lavar a mão. Uma mulher passou pela garotinha e esbarrou nela fazendo seu botton cair da mochila, a menina já ensaboava a mão ao ouvir o som do botton quicando no chão e começando a rolar para longe. Com a velocidade e astúcia de uma lebre a menina deu meia volta volver enquanto secava suas pequeninas mãos na calça jeans, olhava como uma águia a procura de caça para o chão quando viu o seu botton.

    Andou até o espelho que havia no final do banheiro, um lugar um tanto quanto divertido e sombrio, ao se aproximar do espelho viu algo interessante, parecia que eu botton estava dentro do espelho. A menina chafurdou a mão no espelho tateando às cegas e encontrou o botton, quando foi tirar a mão do espelho sua mão não saia, mas sim era dominada pelo espelho. A menina olhou para o lado com um ar cansado como se interagisse com uma plateia. Após sua pequena interação com sua plateia imaginária fitou o espelho e entrou nele com a calma que apenas uma criança poderia conceber em uma situação tão inusitada. Como se houvesse uma interferência a luz do solitário banheiro piscou assustadoramente próxima ao espelho e se ouvia apenas o zumbido das lâmpadas e o murmurar de pessoas desconhecidas tagarelando ao lado de fora. Dentro do banheiro um silêncio sepulcral reinava, como pequenas crianças travesas que compartilham um segredo e se calam na frente dos adultos.

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