Ela perguntou o porquê de eu estar na chuva, sem o guarda chuva. Eu nem a via bem. Era chuva forte com ventos fortes. Tudo o que pensei eram os porquês dela estar ali, desafiando-me. O que importava meus motivos? Era inútil. Só desejava a pneumonia. Ela insistia na pergunta e eu insistia na não resposta. Direcionava-a respostas vazias e superficiais. Eu não a queria ali, tomando minha certeza. A plenitude de uma mente perturbada.
Espere! Pensei. Quem é ela? Não era parte do roteiro. Repensei nos planos e em nada ela se enquadrava. Que burra! Como não se enquadrava? O sistema era pré determinado. Assim deve ser. Ela era um vírus a ser eliminado.
Que importa a chuva? Que importa seus olhos negros e riso sacana a canto da boca? Ou as mordidas repetidas em seus lábios vermelhos. Mas como
a expulsar sem ser vago? Disperso, como meu caminhar.
Enquanto eu pensava sobre ela, a curva no sistema, tal mulher me cobria com seu guarda chuva. Para quê? O meu estava em mãos.
Droga! Por que ela insistia?
Derrubava todas as minhas justificativas. Não! Todas as minhas perguntas sobre o que eu não entendia.
Duvidei de meu próprio querer. Dispensável ela se tornou. Tirou a chuva de mim. Minha doença. WTF? Que escrota. Desconsiderei a doença. Em mãos o guarda chuva, fios pequenos de metal por dentro.
It's over, babe!
Numa encruzilhada estávamos: A oportunidade, o guarda chuva, a vontade. Sangue quente no ar. Mas casualidade?
Que bosta de momento. E agora? O que faço?
Observo aquele caminhar.
Ela nem sabe o que se passa dentro de mim e me desafia. Tira-me o que eu queria acima de tudo.
Droga!
Como eu nem percebi esses cabelos castanhos, esses olhos com um único pingo de luz parecem duas opalas em meio à
efervescência de um vulcão; pele clara, vestido branco, pés... Mãos... Um anjo!
Ela está tentando me salvar. Não quer minha doença, quer o meu bem. Mas que merda eu fiz de bom para garantir a
presença de um anjo aqui me protegendo em meio a esta chuva?
Estou sonhando?
Não consigo sentir a respiração dela. Não há ouço no leve encurvar do corpo quando tem uma pedra no chão.
Quer saber, dane-se tudo. Vou caminhar mais a frente para que ela desista quando se vir que eu não quero sua
ajuda.
Espere-me! É só o que ouço. Mais rápido! Mais longe! Eu penso. E estes relâmpagos? Nem consigo ver um palmo com
essa claridade.
Um toque no ombro. Encontrei-te! Aquele sorriso insinuante novamente.
Merda! Merda! Merda! Eu não queria sair daqui com esse fardo, mas ela me obriga. Sorrio de volta. Acho que
ela percebeu algo, parou de sorrir.
O que você está pensando em fazer agora? Eu lhe perguntei. Pode ficar doente nessa chuva. Vamos sair daqui. A
primeira sentença amigável que digo e me sinto mal, como se algo estivesse me
rasgando por dentro. Que importância tem? Encontro um beco coberto da chuva e
aponto a direção. Ela acena com a cabeça e começa a caminhar até lá. O guarda
chuva se fecha. A echarpe em seu pescoço desliza e assim eu posso ver todo o
seu corpo. Mais um relâmpago, ofuscando minha visão.
Os relâmpagos agora são como flash. Estão mais rápidos e mais fortes. Estou assustado.
Cada flash uma cena distinta.
Minhas mãos apertando o seu pescoço.
Flash!
Sua pele ficando com um tom avermelhado pela pressão do sangue.
Flash!
Suas unhas cravadas na minha pele como um animal se defendendo.
Flash!
Seus olhos fixos nos meus, inquietante. Não havia medo neles, havia pena.
Flash!
Sua boca se mexendo como se quisesse me dizer algo. – “É tarde demais para palavras”.
Flash!
Um corpo caído no beco, inerte, morto.
Flash!
Pego o guarda chuva, abro, olho o corpo dela no chão. No final nem era um anjo, só mais um alguém querendo fazer
uma boa ação.
É realmente um desperdício com toda sua beleza e bondade que se acabe aqui sem sentido algum.
Pego a echarpe e cubro o seu rosto. Não antes de deixar com meus dedos um beijo em seus lábios.
Flash!
Ela tinha razão. É melhor que eu saia da chuva. Posso ficar doente.
Flash!
Afastem!
Flash!
350!
Flash!
400!
Flash!
Doutor, não há mais volta.
Doutor?
Que pena. Tão jovem. Ele parecia melhor há cinco minutos.
Hora da morte, 22h35.
Tinha família? Não, ninguém.
Foi trazido por uma moça que o encontrou na rua, no meio da chuva.
Espere! Pensei. Quem é ela? Não era parte do roteiro. Repensei nos planos e em nada ela se enquadrava. Que burra! Como não se enquadrava? O sistema era pré determinado. Assim deve ser. Ela era um vírus a ser eliminado.
Que importa a chuva? Que importa seus olhos negros e riso sacana a canto da boca? Ou as mordidas repetidas em seus lábios vermelhos. Mas como
a expulsar sem ser vago? Disperso, como meu caminhar.
Enquanto eu pensava sobre ela, a curva no sistema, tal mulher me cobria com seu guarda chuva. Para quê? O meu estava em mãos.
Droga! Por que ela insistia?
Derrubava todas as minhas justificativas. Não! Todas as minhas perguntas sobre o que eu não entendia.
Duvidei de meu próprio querer. Dispensável ela se tornou. Tirou a chuva de mim. Minha doença. WTF? Que escrota. Desconsiderei a doença. Em mãos o guarda chuva, fios pequenos de metal por dentro.
It's over, babe!
Numa encruzilhada estávamos: A oportunidade, o guarda chuva, a vontade. Sangue quente no ar. Mas casualidade?
Que bosta de momento. E agora? O que faço?
Observo aquele caminhar.
Ela nem sabe o que se passa dentro de mim e me desafia. Tira-me o que eu queria acima de tudo.
Droga!
Como eu nem percebi esses cabelos castanhos, esses olhos com um único pingo de luz parecem duas opalas em meio à
efervescência de um vulcão; pele clara, vestido branco, pés... Mãos... Um anjo!
Ela está tentando me salvar. Não quer minha doença, quer o meu bem. Mas que merda eu fiz de bom para garantir a
presença de um anjo aqui me protegendo em meio a esta chuva?
Estou sonhando?
Não consigo sentir a respiração dela. Não há ouço no leve encurvar do corpo quando tem uma pedra no chão.
Quer saber, dane-se tudo. Vou caminhar mais a frente para que ela desista quando se vir que eu não quero sua
ajuda.
Espere-me! É só o que ouço. Mais rápido! Mais longe! Eu penso. E estes relâmpagos? Nem consigo ver um palmo com
essa claridade.
Um toque no ombro. Encontrei-te! Aquele sorriso insinuante novamente.
Merda! Merda! Merda! Eu não queria sair daqui com esse fardo, mas ela me obriga. Sorrio de volta. Acho que
ela percebeu algo, parou de sorrir.
O que você está pensando em fazer agora? Eu lhe perguntei. Pode ficar doente nessa chuva. Vamos sair daqui. A
primeira sentença amigável que digo e me sinto mal, como se algo estivesse me
rasgando por dentro. Que importância tem? Encontro um beco coberto da chuva e
aponto a direção. Ela acena com a cabeça e começa a caminhar até lá. O guarda
chuva se fecha. A echarpe em seu pescoço desliza e assim eu posso ver todo o
seu corpo. Mais um relâmpago, ofuscando minha visão.
Os relâmpagos agora são como flash. Estão mais rápidos e mais fortes. Estou assustado.
Cada flash uma cena distinta.
Minhas mãos apertando o seu pescoço.
Flash!
Sua pele ficando com um tom avermelhado pela pressão do sangue.
Flash!
Suas unhas cravadas na minha pele como um animal se defendendo.
Flash!
Seus olhos fixos nos meus, inquietante. Não havia medo neles, havia pena.
Flash!
Sua boca se mexendo como se quisesse me dizer algo. – “É tarde demais para palavras”.
Flash!
Um corpo caído no beco, inerte, morto.
Flash!
Pego o guarda chuva, abro, olho o corpo dela no chão. No final nem era um anjo, só mais um alguém querendo fazer
uma boa ação.
É realmente um desperdício com toda sua beleza e bondade que se acabe aqui sem sentido algum.
Pego a echarpe e cubro o seu rosto. Não antes de deixar com meus dedos um beijo em seus lábios.
Flash!
Ela tinha razão. É melhor que eu saia da chuva. Posso ficar doente.
Flash!
Afastem!
Flash!
350!
Flash!
400!
Flash!
Doutor, não há mais volta.
Doutor?
Que pena. Tão jovem. Ele parecia melhor há cinco minutos.
Hora da morte, 22h35.
Tinha família? Não, ninguém.
Foi trazido por uma moça que o encontrou na rua, no meio da chuva.